[Resenha] Alice no País das Maravilhas
28.1.14"Se cada um cuidasse da própria vida, o mundo andaria bem melhor e mais depressa."
Entediada no jardim num dia de sol, a pequena Alice vê um coelho branco muito esquisito passar correndo perto dela e decide ir atrás dele a ponto de vê-lo entrar apressado em sua toca. A menina resolve descer pela tal toca também, e depois de passar muito tempo caindo num poço, chega a um estranho mundo onde nada parece ser realmente impossível.
Olhando assim, Alice no País das Maravilhas podia ser apenas mais uma história infantil de alguém que de repente encontrou um mundo mágico. Mas é mais do que isso. Alguns podem dizer que é um livro mais para adultos, mas discordo. Crianças também podem facilmente apreciar a leitura, mesmo que a princípio não enxerguem todas as referências e metáforas por trás das cenas.
Afinal, que criança já não se sentiu curiosa para saber o que havia embaixo da terra? Ou que criança nunca falou com um animal ou teve um amigo imaginário que sumia e reaparecia? Ler Alice para uma criança incita todas as características que a fazem uma criança; é um convite, através da imaginação, para elas aproveitarem tudo de bom, desde a inocência até a aventura, que essa fase reserva.
“Na realidade é o que costuma acontecer quando se come bolo, mas Alice, a essa altura, só esperava que coisas extraordinárias acontecessem e achava totalmente sem graça que a vida seguisse seu curso normal.” [pág. 19]
Mas vamos ao que faz de Alice no País das Maravilhas um livro também para adultos. Vale lembrar que a história foi escrita durante a era vitoriana, período no qual a Inglaterra passou por consideráveis transformações, e, portanto, diversos personagens e cenas criados por Lewis Carroll são alusões irônicas ou sarcásticas aos costumes, pessoas e valores morais da época, como a pressa, o fanatismo pelo chá, a bagunça dos tribunais e a monarquia. Não é à toa que o livro fez tanto sucesso quando lançado em 1865 e que ainda continua fazendo sucesso, pois não estamos hoje com tanta pressa, tal como o Coelho Branco? Ou não somos tão contrários a qualquer ideia de autoridade, mas ainda assim obedecemos às ordens que nos são dadas, tal como Alice?
Ainda sobre o pensar fora da caixinha de Alice no País das Maravilhas, a própria obra em si deixa espaço para diversas interpretações, e, com o passar dos anos, psicanalistas de todos os cantos do mundo dispuseram-se a estudar a história nonsense e atribuir mais significações ao que parece não ter sentido algum. Uma das mais comuns e aceitas significações é a dificuldade de saber quem você é durante a adolescência, que no livro está descrita pela confusão de Alice sobre quem ela é após aumentar e diminuir de tamanho tantas vezes.
“— Você poderia me dizer, por gentileza, como é que eu faço para sair daqui?
— Isso depende muito de para onde você pretende ir — disse o Gato.
— Para mim tanto faz para onde quer que seja... — respondeu Alice.
— Então pouco importa o caminho que você tome — disse o Gato.” [pág. 74]
Verdade é que boa parte da beleza desse clássico está na variedade de interpretações que cada um dará ao ler a história, e assim o livro vai assumindo várias faces. Alice no País das Maravilhas, portanto, pode ser um livro infantil, pode ser uma filosofia ou sátira, pode ser somente puro nonsense, ou pode ser até um vislumbre do futuro. Mas cada uma dessas faces diz muito mais sobre a pessoa que leu do que sobre a história em si. O bom é que sempre haverá uma adaptação de Alice para os mais variados tipos de interpretações. Você só tem que encontrar a sua.
14 Bilhetes
Olá! Primeiramente quero lhe dar os meu parabéns pela resenha que, sem sombra de dúvidas, foi muito bem escrita.
ResponderExcluirEsse é um livro que, já faz muito tempo, estou muito interessada em ler. Porque além de ser uma obra que se encaixa perfeitamente na idade de qualquer leitor, tem um fundo histórico que é muito importante até hoje.
Deve ser uma leitura realmente muito interessante.
Um beijo ;*
Juliana . Oliveira
http://trocandoconceitos.blogspot.com.br/
Obrigada, Juliana! Concordo com tudo que você falou, e é uma leitura muito fácil, então todo mundo pode aproveitar esse clássico!
ExcluirAmei flor, pela resenha parece ser mto interessante , pretendo ler ele logo logo.
ResponderExcluirTo seguindo aqui e curti a fan Page flor, pode retribui?
http://ingridegoes.blogspot.com.br/
Obrigada! Leia sim, Maya! Retribuído com carinho! :D
ExcluirAdorei a resenha, me abriu os olhos em muitos aspectos! Eu já tinha pensando em ler o livro, mas nunca me animei a ler! Eu não tinha me atentado para as questões históricas da obra, acho que tava esperando uma história infantil meio nonsense. Mas pensando por esse lado das interpretação, das sátiras, parece bem mais interessante agora. Sinto que tenho que ler o livro.
ResponderExcluirAbraços,
http://fantasticosmundosdepapel.blogspot.com.br/
É verdade, também só fiquei sabendo desse lado satírico da obra quando fui pesquisar sobre o Lewis Carroll. A minha parte favorita no livro é o tribunal, porque (vendo agora) é a cena mais óbvia de que era uma sátira :D
ExcluirEu nunca pensei em ler, mas vou ter que encontrar minha interpretação pra história agora!
ResponderExcluirÉ a boa, né?! xD A leitura é muito rápida, passa voando!
ExcluirEu sou simplesmente APAIXONADA pela Alice e todo o País das Maravilhas, perdi a conta de quantas vezes reli o livro.
ResponderExcluirQue lindo, Cecília! A história e todo o mistério por trás dela é realmente de se apaixonar! ♥
ExcluirAdoro esse livro! Concordo com você, o livro serve para todos, do mais novo ao mais velho! Simplesmente um clássico <3
ResponderExcluirAiin eu sempre amei o filme, o livro deve ser muito lindo! *-*
ResponderExcluirOla ! Gostei muito do seu blog e estou seguindo, se pode seguir o meu agradeço. Retornando agora para a vida de blogueira.
ResponderExcluirhttp://photobooksandfigurines.blogspot.com.br/
Olá, posso, sim! Bem-vinda de volta à vida de blogueira :)
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